Em agosto de 2014, logo após o final da fatídica Copa do Mundo de Futebol sediada no Brasil, comecei a perceber que nossa economia demonstrava princípios de uma doença que iria se manisfestar em 2015.
Como atendemos um grande número de empresas de vários portes e setores da economia, conseguimos captar os movimentos do mercado com uma antecedência de pelo menos 6 meses. Percebemos nossos clientes irritados com a falta de “pedidos” e faturamento. Os que faturavam, reclamavam da inadimplência dos clientes.
Desde então, a situação veio se agravando, o paciente ficou cada dia mais adoecido e a cura mais distante. Empresas começaram a buscar crédito bancário para “girar”, financiando seus clientes na tentativa de fazer novos negócios e voltar o período de prosperidade. Isso acabou se transformando em uma bola de neve que poucas conseguiram sobreviver.
Assim, nós empresários, tivemos 4 longos anos de purgatório financeiro. Demissões de funcionários começaram de forma drástica em 2016, buscando equilibrar a nova realidade. De fato, muitos entenderam que os anos anteriores, de bonança econômica, foram alicerçados em grandes mentiras, onde a economia cresceu a base de crédito aos consumidores finais que nos últimos anos sumiram, pois ficaram inadimplentes e sofreram restrição à novos créditos.
O Governo em total desespero, muda, quase que diariamente, a tributação sobre produtos e serviços, de forma ávida e voraz. Por outro lado, as empresas endividadas e já operando em patamares de ociosidade produtiva, deixam de pagar os impostos em dia, aumentando mais um item na sua lista de credores.
2017 começa caótico, mais um Natal fracassado e muitas dívidas e “contas” para pagar em janeiro. O Governo começa de forma impiedosa executar as dívidas com os impostos e as empresas cada dia mais acuadas em meio aos processos judiciais, quer de cobrança de dívida ou reclamações trabalhistas.
Na verdade, as empresas brasileiras não conseguem “bancar” mais um ano ruim, estamos no fundo do poço e não temos a quem mais recorrer. Felizmente, o discurso de posse do novo Ministro da Economia foi libertador e caso ele consiga implantar metade de suas propostas acredito que conseguiremos ganhar folego em 2019.
2019 será o ano da virada para os empresários brasileiros? Tenho quase que certeza que ainda não será, mas pelo menos poderemos respirar um pouco e apreciar um novo vento soprando. Sei que estamos com nossas estruturas sucateadas ou necessitando de upgrade, mas há de ter cautela com investimentos, pelo menos até meados deste ano.
Luis Henrique Andia, Diretor Associado Andia Assessoria Contábil e Financeira. É Professor Doutor em Finanças, Economia e Contabilidade.